Contextos organizacionais poderiam ser descritos como espaços frequentemente desiguais e hierarquizados nos quais relações antagônicas e agônicas são criadas e recriadas a partir da pluralidade de agentes, demandas e vínculos. Organizações se constituem em torno de disputas de significados e discursos entre múltiplos públicos, que lutam para definir e impor determinados quadros de legibilidade e de inteligibilidade que interferem fortemente na definição daquilo que é percebido como relevante e adequado por um amplo espectro de sujeitos e grupos sociais. Em meio a essas disputas, vulnerabilidades surgem não só da distribuição desigual de recursos discursivos, políticos e materiais, mas também dos quadros morais tacitamente compartilhados e que servem para avaliar, julgar e tornar visíveis e audíveis sujeitos e coletividades.O que sugerimos como tema para reflexão neste livro é o modo como distintas vulnerabilidades e desigualdades, que se manifestam de modo situado e relacional em contextos organizacionais, revelam processos de violência sustentados por práticas institucionais, morais e simbólicas que interferem no reconhecimento social da dignidade dos sujeitos trabalhadores.
A violência invisível em contextos organizacionais mostra que desigualdades e injustiças ligadas a vulnerabilidades não se separam da agência de sujeitos políticos, que ativam constantemente suas redes interacionais de suporte e resistência, principalmente nos contextos institucionais e organizacionais. Ou seja, vulnerabilidades não se separam de resistências, nem incapacitam os sujeitos para a ação soberana, autônoma e transformadora.

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