Andorinhas

Andorinhas

 

Amaldiçoado pela lua,
Inventei a palidez natural das manhãs.
Já não queria repetir gestos antigos,
Ainda não sabia dos poderes ancestrais.
Se andar pelo mundo era uma travessia,
Me faltava a crueza febril dos errantes.
Minha voz soava alta e grave demais,
Como as pegadas de um lobo na areia.
Como podia ser desta humanidade
Se meu canto repelia os ouvidos?
Andei coletando cores estranhas:
A do mar depois de um bramido,
A dos sonhos nunca dormidos,
A dos olhos enfim desvendados.
Meus dedos tocavam pianos,
Teclas invisíveis sobre oceanos,
Enquanto o sol enrubescia de sono.
Por que dizer tudo o que sentia?
Só para falar com as andorinhas.
Ave, amigas!


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