Caminho das índias

Caminho das índias

 

Onde andará o homem que fui

Antes de ser quem eu sou?

Onde andará a menina que amei

Antes de saber o que era o amor?

É noite na noite de Calcutá

E não sei o caminho do pôr do sol.

Dançam fantasmas de vermelho

Enquanto ando sob os baobás,

Contemplando fagulhas no espelho,

Das folhas que se acendem de ouro,

Ao longo das alamedas do dragão,

Seguido pelo sorriso azul do Chien.

Estou em tantos lugares

Não atendo aos esgares

De meus espectros de estimação.

Onde estou enquanto fujo?

Onde deixei meus lápis de cor?

Que pássaro é esse tão puro?

Que claridade é essa no escuro?

Que alegrias são essas na alma?

Que estranha é toda essa calma,

Apesar de ter jogado a bagagem ao mar.

Há uma gota de tristeza em cada poema,

Neste tempo sem tempo para os fonemas,

Escandidos como preces ao temporal.

Um dia se saberá de mim, no futuro,

Caminhante na direção do infinito,

Braços ao vento, asas em pensamento,

Um casaco laranja e sapatos alados,

No ar, rastros dos meus passados,

Esses passados que nunca passam.

 


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